Foi com o maior pesar que, durante a madrugada de hoje, soubemos do falecimento do camarada Paulo Aguena, o «Catatau». Reproduzimos abaixo a nota de pesar da Resistência, corrente interna do partido brasileiro PSOL em que o camarada militava. Juntamo-nos ao pesar e às homenagens que centenas ou milhares de militantes de esquerda, das mais diversas organizações, países, correntes e idades certamente farão sentir por estes dias.
O camarada Catatau, ou Cata, como era conhecido pelos mais próximos, não é um nome sonante, mesmo para quem segue a vida política brasileira. Não encabeçava candidaturas, não aparecia nas redes sociais e mesmo grande parte do que escrevia era para circulação interna entre a militância – servindo depois de matéria-prima para as intervenções, artigos e ações de centenas de militantes. Em nós, do Semear o Futuro, o camarada deixou uma marca indelével, incontornável, nos debates que levaram à formação deste nosso coletivo, hoje integrado no Bloco de Esquerda. Em diversos momentos, apoiou, ajudou, aconselhou e questionou os passos desta nossa pequena experiência militante. Assistiu, à distância, à Assembleia de Fundação do Semear o Futuro, a 25 de abril de 2020, em plena pandemia, e emocionou-se no momento em que os presentes, juntanto a voz a tanta gente, viemos à janela entoar Grândola, Vila Morena. Era um internacionalista na teoria e na prática. A dedicação abnegada à causa do socialismo internacional, a ancoragem férrea aos príncpios marxistas e revolucionários – não como doutrina enquistada, mas como provas de vida e de futuro – e a flexibilidade de pensamento e ação política, capaz de pensar e agir para além da estreiteza do imediatismo e dos ferrolhos do sectarismo, são legados que transportamos e que, em muito, devemos ao Cata. Tal como um otimismo estratégico, assente na confiança na luta das classes exploradas de todo o mundo.
Por isso, juntamos a nossa voz em homenagem a tantos e tantas: Catatau, presente! Presente e futuro!
Reproduzimos a nota dos camaradas da Resistência/PSOL:
Morreu ontem aos 61 anos Paulo Afonso Aguena, o “Catatau”, ou ainda “Cata”, como o chamavam todos os seus camaradas. Catatau lutava contra um câncer de fígado extremamente agressivo. Lutou bravamente, como o fez em toda a sua vida, e ontem descansou.
De uma família de origem japonesa do interior de São Paulo, Catatau se uniu ao movimento estudantil quando ingressou na Universidade Federal de São Carlos, ainda no início dos anos 1980. Conheceu a Convergência Socialista, da qual se tornou rapidamente um dos principais dirigentes. Atuou no movimento estudantil e movimento operário, além de ter morado na Argentina nos anos 2000, onde teve uma importante experiência de militância internacional. Como operário da construção civil, foi perseguido pela ditadura, pelo que foi reconhecido como anistiado político pela Comissão da Anistia. Em 2016, junto com outros companheiros, Catatau deixou o PSTU e passou a construir o MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista), cuja fusão com a NOS (Nova Organização Socialista) daria mais tarde origem à Resistência, atual corrente interna do PSOL.
Discreto, mas alegre, estudioso obcecado com os detalhes da luta política, Catatau era um dos dirigentes mais queridos de sua geração, sabendo se conectar como ninguém com os militantes das mais variadas origens sociais e idades.
Catatau deixa dois filhos e uma companheira. Deixa também um enorme legado de dedicação, seriedade e ousadia na política e construção partidária. E sobretudo deixará muitas saudades.
O velório será hoje (06/12) das 12h às 16h no Sindicato dos Metroviários de São Paulo: Rua Serra de Japi, 31. Tatuapé
Coordenação Nacional da Resistência – PSOL