Segundo um estudo efetuado pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES) e apresentado em Setembro passado, Portugal é o quarto país em que as pessoas mais frio passam dentro das suas casas, principalmente por não poderem suportar os custos de energia. Esta incapacidade deve-se, por um lado, aos baixos rendimentos auferidos no nosso país e, também, à escalada dos preços da energia.
Além destes fatores também a pressão imobiliária nas grandes cidades levou à escalada de preços na habitação, pois os sucessivos governos nunca apostaram na habitação pública de forma consistente, preferindo sempre a criação de bairros sociais, com construção de má qualidade e afastados dos centros das cidades, transformando-os em verdadeiros guetos.
Decorrente desta pressão imobiliária, dos baixos salários e da segmentação de mercado tão típica das sociedades capitalistas, a escolha da população fica limitada: ou se tem dinheiro e adquirem-se casas com condições térmicas adequadas ou não se tem e é-se empurrado para a periferia e para casas com um péssimo isolamento. Por isso é que apenas 30% das habitações alvo de emissão de certificados energéticos entre 2014 e final de 2020 tinham classificação entre A+ e B-. E estas habitações, na sua grande maioria, estarão nas mãos de pessoas que poderão pagar altas faturas de eletricidade, ao contrário das pessoas que habitam os restantes 70% dos lares.
Isto falando das pessoas que ainda podem ter casa porque, infelizmente, nem toda a gente tem sequer capacidade para isso. Quem, em Lisboa, passa na Almirante Reis ou na zona do Porto de Lisboa, nomeadamente nos dois últimos anos que coincidiram com a pandemia, depara-se com um espetáculo deplorável de pessoas a viver em condições degradantes, quando se sabe que há imensas casas desocupadas no centro de Lisboa.
São estas as razões que, no âmbito do 7º Encontro Nacional pela Justiça Climática, levaram o Coletivo Climáximo em conjunto com a Habita, Stop Despejos e Coopérnico, a organizar a sessão “Casa e energia para todas as pessoas” . Nesta sessão irá ser discutido o porquê da subida do preço da energia, a relação da habitação com energias justas, os problemas habitacionais que afetam a população, nomeadamente as franjas mais desfavorecidas e o conceito de pobreza energética.
O Encontro Nacional pela Justiça Climática irá começar já hoje, na P.R.A.Ç.A. (Rato), e continua no sábado, no Liceu Camões (Picoas), sendo que esta sessão em particular irá decorrer no sábado entre as 16h e 17h30. Programa completo em baixo:
