Ontem, enquanto membro do coletivo Climáximo, tive o prazer e a honra de participar em mais uma ação de desobediência civil organizada pelo nosso coletivo: Vamos Juntas!
Desta feita optámos por tentar bloquear uma infraestrutura do complexo mais poluente do país, considerando emissões de CO2: A refinaria de Sines da Galp.
Foi um enorme desafio para o coletivo e principalmente para a equipa de coordenadoras mais ligada à logística e recrutamento da ação, visto que esta obrigava a que a maior parte das ativistas se deslocasse 150Km ou mais para chegar à Barbuda, onde iniciou a manifestação que precedeu a ação de desobediência civil, e, ainda por cima, numa ação marcada num dia de semana e em horário laboral. Tudo isto sem esquecer, claro, os números da pandemia, que estão novamente a aumentar com a chegada hesitante do frio de Outono.
Ainda assim estiveram presentes cerca de 100 manifestantes que conseguiram bloquear a Refinaria durante umas cinco horas, duas das quais com ambas as portas principais bloqueadas. É certo acaba por ser um bloqueio meramente simbólico ou um treino para algo maior, como diz alguém do Climáximo, mas ainda assim foi moralizador para as ativistas que participaram e demonstrou capacidade de mobilização e organização da parte do coletivo, o que é muito importante. Ainda assim, mais importante que o bloqueio em si é o facto de termos recebido um convite para colaborar com a Comissão de Trabalhadores da Petrogal num plano com propostas para a descarbonização da refinaria e para uma transição justa, ou seja, que assegure os postos de trabalho e/ou rendimentos daqueles que trabalham nas infraestruturas que terão que encerrar. Este é um enorme avanço pois demonstra como não somos percebidos, pelo menos a nível institucional/sindical, como inimigos. Já não somos vistos como os movimentos ecologistas dos anos 80 que apenas se preocupava com o fim ecológico da sua luta, descurando as questões sociais, como tão bem descreve o Manuel Afonso neste artigo com o exemplo da caça à baleia na Madeira. E, por outro lado, ainda que ainda possam existir algumas diferenças, verificamos que a comissão de trabalhadores não questiona a necessidade de descarbonização da refinaria, o que também revela um bom passo em frente.
Acabámos por decidir terminar a ação por volta das 18h30 com o sentimento de dever cumprido, porém, com a consciência que estas ações de nada valerão se não aumentarem em número, em dimensão e na diversificação de formas em que poderão revestir. Tudo em nome da procura da maior eficácia possível tendo em vista a mudança de sistema que tanto ambicionamos.
Foi, por isso, uma ótima experiência! Agora venham de lá esses Encontros Internacionais Ecossocialistas em Janeiro de 2022!