A ameaça não é de agora, os trabalhadores do projecto NOS em Coimbra, empregados pela empresa de Outsourcing Randstad têm vindo a ser confrontados com esta ameaça à anos, não sendo nova para os 60 trabalhadores da NOS em Coimbra. Agora foi efetivada, despedimentos para quem ainda está em termo incerto e possibilidade de deslocação de Coimbra para Lisboa para quem é efetivo.
O despedimento destas 60 pessoas é justificado com uma argumentação falsa, ou seja, necessidades de “mercado e de viabilidade do negócio” viabilidade essa que Coimbra terá deixado de ter. Esta é uma argumentação falaciosa quando as empresas de telecomunicações tiveram lucros elevados no momento de pandemia, veja-se a necessidade que existiu de reforço de serviços de internet para teletrabalho e telescola, a compra de equipamentos que permitissem essas formas de trabalho e ensino. A NOS em particular teve um lucro de 92 milhões de euros no ano anterior. Mais, a própria Randstad admitiu perante os representantes sindicais e trabalhadores que a NOS não terminou a sua “relação contratual” com a Randstad. Terminou apenas neste projecto especificamente, facto que nos leva a chegar a uma conclusão diferente da que é dada pela Randstad para esta situação.
Em 2019 iniciou-se a luta pelos trabalhadores da NOS em exigência de direitos, de progressão de carreira e recuperação de rendimentos injusta e unilateralmente retirados pela NOS/Randstad. Este despedimento colectivo, mais que uma necessidade é uma reação à luta destes trabalhadores, uma falta de consideração pelo trabalho e lucros que estes trouxeram à empresa e total falta de noção de como 60 famílias tiveram as suas vidas colocadas em desalinho. A ideia de deslocação para Lisboa não é uma solução viável, desde logo pela distância. A juntar a isso temos a Habitação, subsistência e o dia a dia da grande cidade que são muito mais elevados que em Coimbra, onde ainda assim, os custos de vida têm aumentado significativamente nos últimos anos; agravamentos de rendas, impostos, serviços essenciais e combustíveis são visíveis semanalmente, sem se verificar um real retorno no aumento do SMN.
A luta dos companheiros do call center de Coimbra da NOS é igual e intersecciona-se com a luta pela habitação e a luta por direitos sociais. São mulheres a grande maioria de pessoas que perfazem os call center, são lgbtis que englobam um grande número destes trabalhadores, e por isso, ontem exigimos à Randstad e à NOS a manutenção dos postos de trabalho, em Coimbra, mas também que a Câmara Municipal se oponha a mais estes despedimentos numa cidade tão exposta ao desemprego.