Unidade de Acção cala Ventura em Évora

André Ventura, porta-voz do partido neo-fascista Chega e candidato a Presidente da República havia anunciado para este dia 18 uma grande marcha contra o anti-racismo – ou seja, uma marcha racista – nas ruas de Évora. Segundo ele, seria “a maior marcha alguma vez vista”. Ontem, 18 de Setembro, algumas centenas de apoiantes de Ventura tiverem de se acantonar num canto da Praça do Giraldo, em Évora. A sua acção racista foi confrontada por centenas de manifestantes anti-fascistas, que os ultrapassaram em número e abafaram com música, poesia e palavras-de-ordem pela Liberdade.

A manifestação do Chega estava programada para as 19h30. Os manifestantes anti-fascistas ocuparam antes parte da Praça e, animados, começaram a aquecer as gargantas. Às 20h, hora de abertura dos Telejornais, Ventura não havia chegado. Preferiu falar para a comunicação social escondido numa rua estreita, antes de entrar na Praça onde seria abafado. Só depois entrou na Praça, seguido por algumas centenas de apoiantes. Entre eles viam-se skinheads. Tochas e bandeiras monárquicas esvoaçavam. O conjunto era masculino e envelhecido. Ventura vinha acompanhado pelo seu braço-direito, Diogo Pacheco Amorim, que foi membro do grupo bombista MDLP, ambos sem máscara. Apesar disso, a PSP posicionou-se junto dos manifestantes anti-fascistas e só após pressão destes, se aproximou da manifestação fascista. Depois de um breve discurso para consumo interno, Ventura e os seus apaniguados desapareceram, deixando a Praça aos anti-fascistas que gritaram “A praça é nossa!”.

O manifestantes anti-fascistas já se encontravam há mais tempo no local. Localizaram-se junto da Sociedade Harmonia Eborense, de onde emanavam músicas de resistência. Activistas locais, ligados a esta sociedade recreativa, tiveram a iniciativa de organizar esta acção, sob o mote “Évora pela Liberdade”. A eles se juntaram populares, alguns que afixaram nas varandas de suas casas faixas contra Ventura. Além disso, vieram grupos de Beja, Serpa e Aljustrel, assim como de Lisboa. Várias organizações, como o Semear o Futuro, a Frente Unitária Anti-fascista, o MAS, Colectivo Toupeira Vermelha ou grupos anarquistas, além da Sociedade Harmonia já citada, marcaram presença. Lideranças locais do Bloco de Esquerda também não faltaram e cartazes deste partido, em defesa do 25 de Abril, foram colados pela cidade. Uma unidade de acção real e diversa, organizada fraternalmente, foi o que impediu os fascistas de marcharem abertamente em Évora e propagarem as suas ameaças racistas.

Este é o caminho: ocupar as ruas, em unidade, para remeter o neo-fascismo ao silêncio. Foi uma importante vitória de uma luta que deve continuar, garantindo que as forças de Ventura e da extrema-direita nunca ficam sem resposta. A ameaça fascista permanece e tem apoios na classe dominante, nas polícias e na comunicação social. Porém, a esquerda e os movimentos sociais podem, através da unidade e organização fazer-lhes frente. Ampliar a unidade a toda a esquerda e convergir com o movimento anti-racista, feminista, LGBTI+, climático e tantos outros é necessário. Organizar, esclarecer e sair à rua é possível. Se assim for, podemos remeter ao silêncio aqueles que nos querem levar de volta ao passado.

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