Pode parecer uma ameaça, e é. É uma ameaça direta e consequente contra todas as formas de fascismo que começam a tomar demasiado espaço na rua. Por isso dizemos, sempre que fizerem vigílias, estaremos na rua. Sempre que lançarem o medo sobre as pessoas racializadas, negras, ciganas, lgbtis e mulheres, estaremos na rua. Agora, cá entre nós, há avenidas e ruelas. Não nos interessa, na construção de um projeto de sociedade igualitária, avançar sem que seja em unidade.
A sociedade portuguesa, felizmente, ainda se pauta por uma memória bastante presente da luta contra o fascismo e as manifestações convocadas pelo PCP todos os anos são exemplo prático e gráfico de que existe ainda um espírito antifascista que nos toma as esquinas, que reivindicam Abril e que nos dá força. Mas a força está em ampliarmos a visão. Está em compreender que a unidade exige cedências, exige confiança, exige lealdade e exige comprometimento com o avanço da luta da classe trabalhadora enquanto classe heterogénea que comporta sectores com as mais variadas necessidades.
Por isso, tomemos as avenidas e não as ruelas.
Portugal nos dá cada vez mais provas de que o racismo, a misoginia, a lgbtifobia e a xenofobia são problemas que devem ser resolvidos , então não nos basta dizer antifascista sem termos compromisso com a criação de condições materiais para que as pessoas radicalizadas, as imigrantes, as lgbtis e mulheres estejam também na rua, com a sua plenitude de reinvindicações específicas e em segurança, uma segurança que só pode ser garantida com unidade. Estamos num momento fulcral e decisivo para os desenvolvimentos das lutas por igualdade, fim das opressões e exploração e isso exige responsabilidade.
Tomemos as ruas em conjunto, verdadeiramente unidas em programa e ações que tragam novamente mais de 10 mil pessoas à rua, como fizemos no passado dia 6 de julho de 2020
