A Esquerda ao Leme

A pandemia não tem fim à vista. A crise só agora começou. Sem medidas que
garantam emprego e saúde, a ansiedade assombra-nos a vida. A vacina tardará mas o desemprego e a pobreza não. O prolongamento dos layoffs não reverte esse cenário e a queda do PIB anuncia-o. A vida já está mais difícil e pode piorar.

As grandes empresas expõem os trabalhadores, pois “a economia não pode parar”.
Mas o emprego está a “parar”. Já se iniciaram os despedimentos colectivos. No Algarve, o desemprego é 200% acima do ano anterior e na Madeira 45% dos trabalhadores estão desempregados ou em layoff.

A hecatombe é evitável. Para isso, as políticas têm de mudar. A situação na grande Lisboa demonstra-o. Na Geberit, fábrica no Carregado, sugiram casos positivos no inicio
de Maio. Sem medidas, hoje 54 dos 419 trabalhadores estão infectados. Na SONAE do
Cartaxo houve um surto, a empresa pouco fez. Na DHL, ali perto, o cenário foi idêntico.
No Call-Center da CUF, que acabou com o teletrabalho, surgiu um surto evitável. São
exemplos de como o lucro é posto acima da vida.

Os surtos surgidos nas Festas de Lagos e do Politécnico de Bragança vão a
Tribunal. Mas não se obriga a grandes empresas, como a SONAE, CUF ou DHL, a testar
todos os funcionários. A PSP dispara contra a população na Quinta do Mocho, a pretexto da “saúde pública”. Mas o mesmo pretexto não serve para reforçar o SNS, requisitando os Hospitais e Laboratórios Privados. Houve 55 milhões para pagar a David Nielman, que destruiu a TAP, mas não se garante emprego aos trabalhadores da empresa.

Os imigrantes representam quase 25% dos casos em Lisboa e 16% no Porto. São
sacrificados e culpabilizados. A população racializada e imigrante, amontoada na
periferia, trabalha em muitas das empresas onde surgem os surtos. Muitos habitam nas
freguesias em estado de calamidade, devido ao preço das rendas nos centros urbanos.
Enchem os transportes públicos que são parcos, pois o dinheiro público foi para a Banca
privada. Mantêm Hospitais limpos, supermercados cheios e a indústria activa. Mas
recebem intimidações e repressão em vez de emprego digno, saúde e habitação.


Convergir à esquerda para salvar quem trabalha


Só à Esquerda há soluções. “A proibição dos despedimentos em empresas com
lucros ou da distribuição de dividendos milionários” e “recuperar capacidade de decisão nos setores chave da economia, introduzindo o controlo público sobre a banca, nacionalizando a EDP, Galp, ANA, TAP, REN e CTT”, defende o Bloco de Esquerda. O
PCP tem posições semelhantes – pelo que votou contra o Orçamento Suplementar. Juntar forças à esquerda e lutar por um plano que proteja quem trabalha é possível.

Estas ideias têm base nas ruas. O 1º de Maio da CGTP, as lutas dos trabalhadores
da cultura ou a Greve nos CTT ́s demonstram-no. As manifestações do 8 de Março e a
grande jornada anti-racista de 6 de Junho reforçam-no.

Um Plano assente nestas lutas pode despertar maiorias sociais. Medidas concretas
devem ser apresentadas e negociadas com o Governo. Mas a defesa dos mais explorados, exige confronto com o PS. Nenhum Plano do Governo ou da União Europeia
irá nesse sentido, tal como nenhum Orçamento. A Unidade necessária passa pela
esquerda, nas ruas e no Parlamento, com base a propostas que defendem a maioria
trabalhadora. Não estamos todos no mesmo barco. Para atravessar a tempestade, é
preciso a esquerda ao leme.


1 https://www.bloco.org/media/resolpol20200711.pdf

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